O ano de 2025 entrou para a história política de Arari como um período de exposição extrema, conflitos permanentes e forte polarização, refletindo um município que passou a conviver com crises sucessivas, investigações sensíveis e disputas narrativas travadas principalmente nas redes sociais.
Sob o comando da prefeita Maria Alves, a gestão municipal conseguiu sustentar um discurso de estabilidade amparado em pesquisas de opinião favoráveis, que apontaram alto índice de aprovação popular. Os números foram amplamente explorados pela base governista como prova de respaldo social e eficiência administrativa. No entanto, fora do campo estatístico, a realidade política mostrou-se bem mais complexa e conflituosa.
Bateu, levou
Desde o início do ano, a administração passou a enfrentar um ambiente digital hostil, marcado por críticas constantes, denúncias e ataques pessoais. O governo reagiu classificando grande parte desse conteúdo como fake news, adotando uma estratégia de enfrentamento direto, no estilo “bateu, levou” que acabou por ampliar o grau de tensão política local.
Trapalhadas insanáveis
A promessa de climatização total dos ônibus escolares, por exemplo, ganhou contornos mais políticos do que administrativos, funcionando como resposta simbólica às críticas e tentativa de reafirmação da autoridade do Executivo.
O ponto de maior desgaste político ocorreu em novembro, quando a prefeita foi acusada de agressão física por uma funcionária doméstica. Independentemente do desfecho jurídico, o episódio representou um divisor de águas na imagem pública da gestora, pois extrapolou os limites da disputa política tradicional e atingiu o campo pessoal, gerando forte comoção, repercussão estadual e um debate polarizado que dividiu a opinião pública entre defesa incondicional e críticas severas.
“Cadê o dinheiro que estava aqui”?
Enquanto o governo tentava conter danos, outro fato agravou o ambiente político: a revelação de uma investigação da Polícia Federal sobre o suposto desaparecimento de emendas parlamentares destinadas a Arari, por determinação do ministro Flávio Dino.
O caso lançou dúvidas sobre a execução de recursos públicos e fortaleceu o discurso oposicionista, que passou a questionar a transparência da gestão e a responsabilidade administrativa do município. A investigação, ainda em curso, manteve Arari sob os holofotes da imprensa estadual.
Uma perda irreparável no Legislativo
O Legislativo municipal, por sua vez, viveu um de seus momentos mais delicados com a morte prematura do vereador Evando Batalha Piancó, presidente da Câmara. A perda não apenas comoveu a cidade, mas provocou uma reconfiguração interna do poder, interrompeu articulações em curso e expôs a fragilidade do equilíbrio político na Casa. O episódio reforçou a percepção de um ano atípico, marcado por rupturas inesperadas.
Pão e circo
Mesmo em meio ao cenário de crises, a gestão buscou manter uma agenda positiva, destacando ações sociais e eventos simbólicos, como a audiência pública de combate à violência sexual contra crianças e adolescentes e a realização de eventos de forte apelo popular como o tradicional Festival da Melancia e carnaval barulhento, entre outros eventos carimbados como “culturais”.
Essas iniciativas tiveram papel importante, mas não foram suficientes para neutralizar o ambiente de desgaste político acumulado ao longo do ano.
Polarização política
Ao fim de 2025, Arari se apresentou como um município politicamente dividido, onde a suposta aprovação administrativa conviveu com desconfiança institucional, embates públicos e uma intensa batalha de narrativas.
O saldo do ano não foi apenas de crises isoladas, mas de um novo patamar de politização da sociedade arariense, que passou a acompanhar aos rumos do poder local, opinar e reagir com mais intensidade.
O que ficou claro é que 2025 não foi apenas mais um ano de gestão, mas um período que redesenhou o debate político em Arari — com efeitos que certamente continuarão a repercutir no cenário eleitoral e institucional dos próximos anos.